Gustav Klimt

Pintor austríaco
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Gustav Klimt

Gustav Klimt (1862-1918) foi um pintor simbolista austríaco, líder do “Movimento da Secessão de Viena” – grupo de artistas que se desligou do academicismo da pintura e aderiu ao Simbolismo.

O estilo extravagante e carregado de simbolismo, o emprego ousado e inovador das cores e as assimetrias da composição caracterizam a obra de Gustav Klimt, o pintor mais importante do Modernismo austríaco.

Gustav Klimt nasceu no dia 14 de julho de 1862, na pequena localidade de Baumgarten, ao sul de Viena, na Áustria Imperial, que em 1867 passou a fazer parte do Império Austro-Húngaro.

Filho do gravador Ernest Klimt e de Anna Finster foi o segundo dos sete filhos do casal. Com 14 anos ingressou na Escola de Artes Decorativas de Viena, juntamente com seu irmão Ernest.

Início da carreira

Gustav Klimt e seu irmão Ernest, estudavam desenho ornamental na Escola de Artes de Viena quando começaram a desenhar e vender retratos a partir de fotografias.

Em 1879, Gustav, seu irmão e o amigo Franz Matsch passaram a auxiliar seu professor na pintura dos murais do átrio do Museu de História da Arte de Viena.

Em 1880 os artistas começaram a receber encomendas e realizaram diversos trabalhos, entre eles, quatro alegorias para o teto do Palácio Sturany em Viena, o teto do prédio da terma de Karlsbad na Tchecoslováquia e a decoração da Villa Hermès a partir de desenhos do pintor Hans Makat.

Três anos depois, Gustav Klimt abriu um estúdio independente especializado na execução de “pintura de murais”, com um estilo clássico, típico da pintura acadêmica do final do século XIX.

Em 1887, Klimt foi contratado pela Câmara Municipal de Viena para pintar o interior do antigo Teatro Imperial. No final dos trabalhos, o artista foi premiado com a “Cruz do Mérito de Ouro” pela pintura nas escadarias do teatro.

Em seguida, Gustav Klimt recebeu a tarefa de pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena representando as figuras da “Filosofia, Medicina e Jurisprudência”.

Em 1897, junto com um grupo de jovens pintores progressistas, desiludido com as restrições da Künstlerhaus, a sociedade da qual todos os artistas vienenses se sentiam obrigados a pertencer, Klimt resolveu fundar a “Secessão de Viena”, tornando-se seu presidente.

O quadro de Klimt, Pallas Atena (1898), representando a deusa grega da sabedoria, foi um dos símbolos do movimento:

Gustav Klimt
Pallas Atenas (1898)

Em 1899, Klimt deu início ao painel “Filosofia”. Ao vê-lo, os membros da universidade reagiram horrorizados com as figuras nuas e a cabeça sonolenta em forma de lua que Klimt escolheu para retratar a filosofia.

Gustav Klimt
Filosofia (1899)

Em poucos dias, diversos membros da universidade protestaram publicamente e enviaram um abaixo assinado ao Ministério da Educação para cancelar a encomenda.

Um novo escândalo aconteceu quando o painel “Medicina” foi revelado. A Medicina mostrava a figura de Hygeia, a filha mitológica do deus da medicina, que estava localizada na parte inferior da tela e era identificada com uma cobra.

Gustav Klimt
Medicina (1901)

O pintor escolheu uma composição assimétrica. Na metade direita, o fluxo da vida. Do outro lado, uma névoa de luz envolve uma mulher. Na obra, predominam os nus.

Gustav Klimt
Jurisprudência ( 1907)

Embora o Ministério da Educação tenha ficado do lado de Klimt, quando a “Jurisprudência” foi apresentada causou mais polêmica. Klimt retratou o julgamento de um idoso, que aparece nu cercado por Erínias, deusa da vingança. Ele é segurado pelos tentáculos de um enorme polvo.

O tema que deveria unificar as três pinturas era “o triunfo da luz sobre as trevas”, mas os painéis não transmitiam esse tema com alguma clareza.

Depois de um dramático impasse entre Klimt e o Ministério da Educação, no qual o artista teria apontado uma arma para os homens que tentavam removê-las, o Ministério recuou e as pinturas permaneceram onde estavam.

A partir do ocorrido, Klimt não mais se envolvera com encomendas públicas, passando a se concentrar em paisagens e retratos, incluindo os brilhantes retratos da sociedade que consolidaram sua fama.

Fase Dourada

Os trabalhos mais famosos de Gustav Klimt pertencem a “fase dourada”, em que utiliza folhas de ouro e retrata principalmente mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas como no “Retrato de Adele Bloch-Bauer I” (1907).

Os trabalhos com folhas de ouro mostram a influência da arte bizantina e dos mosaicos de Veneza e Ravenna, na Itália, destino de viagens do artista durante um tempo de sua carreira.

Gustav Klimt
Retrato de Adele Bloch (1907)

Pintava com extrema minúcia levando suas modelos a longuíssimas seções. Foi apaixonado por Emílie Flöge, com quem teve um longo caso de amor e foi sua companheira durante anos. Outra pintura da fase dourada é “O Beijo” (1907-1908), sua obra-prima.

Gustav Klimt
O Beijo ( 1908)

Em 1911, Klimt recebeu o prêmio da Exposição Internacional de Roma. Com seu estilo rebelde de vestir, na maioria das vezes envolto em uma túnica escura, Gustav Klimt tornou-se uma figura exótica. Por muitos anos tentou, sem sucesso, ser admitido na Academia de Arte de Viena.

Só em 1917, Klimt recebeu o devido reconhecimento, ao ser eleito membro honorário da Academia. No entanto, no ano seguinte sofreu um ataque de apoplexia.

Gustav Klimt faleceu em Viena, Áustria, no dia 6 de fevereiro de 1918.

Curiosidades:

Desde 1942, o Castelo Immendorf, na Áustria, abrigava uma variedade de obras confiscada pelos nazistas ao longo da II Guerra Mundial. Da coleção, faziam parte telas de Gustav Klimt, entre elas, Filosofia, Medicina e Jurisprudência.

Em 1945, dia da derrocada de Hitler, o castelo foi incendiado e tudo que estava em seu interior foi destruído. Das três ousadas pinturas de Klimt restaram apenas fotografias em preto e branco feitas em 1900 por Moritz Nähr.

Atualmente, com a ajuda da história da arte e da tecnologia, foi possível restaurar as supostas cores originais usadas pelo pintor. As três pinturas estavam entre as maiores obras de arte que o artista criou (4 por 3 metros) e foram objeto de muita discussão à época de sua criação.

Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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