Rubem Fonseca

Escritor brasileiro
Por Dilva Frazão
Biblioteconomista e professora

Biografia de Rubem Fonseca

Rubem Fonseca (1925-2020) foi um escritor brasileiro, considerado um dos maiores ficcionistas do Brasil. Ganhou vários prêmios, entre eles o Kikito do Festival de Gramado, o Prêmio Jabuti e o Prêmio Camões.

Rubem Fonseca é autor de uma vasta obra, constituída de romances e contos, caracterizada pelo relato de enredos em que a violência urbana é a grande protagonista.

José Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 11 de maio de 1925. Era filho de portugueses. Com oito anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.

Ingressou no curso Direito na Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, formando-se em 1949. Entrou para a polícia como comissário do 16º Distrito Policial de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

Em seu primeiro plantão policial, em 31 de dezembro de 1952, registrou as seguintes ocorrências: ferimento por arma de fogo, atropelamento, furto, choque de veículos com morte e agressão a faca.

Com 27 anos começou a testemunhar o submundo do crime e a selvageria humana, o que serviram de inspiração para seus livros.

Trabalhou pouco tempo nas ruas e logo depois se tornou um policial de gabinete, que cuidava dos serviços de relações públicas da corporação.

Em 1953, foi escolhido com mais nove policiais para se aperfeiçoar nos Estados Unidos. Durante esse período, fez mestrado em Administração na New York University. Regressou ao Brasil em março de 1954.

Na escola da polícia, destacou-se em Psicologia, e em julho de 1954, tirou uma licença da polícia para dar aulas de Psicologia na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Em 1958 foi exonerado da polícia e começou a trabalhar na Light, no Rio de Janeiro, assessorando a presidência. Em1962 foi designado para representar a empresa no Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS).

No Instituto elaborou projetos com sugestões econômicas para o governo de João Goulart. Após o golpe militar de 1964, desligou-se do IPÊS.

Carreira literária

Rubens Fonseca estreou na literatura com o livro de contos "Os Prisioneiros", em 1963. Retratou em seu livro o mundo violento das cidades.

Em 1975 lançou "Feliz Ano Novo", quando relata devastadores contos, mas o livro proibido de circular e recolhido pela censura do regime militar. A alegação era de que a obra continha matérias “contrárias à moral e aos bons costumes”. A obra só foi liberada, em 1989, depois de longa batalha judicial.

A obra "Agosto" (1990), na qual mistura História com ficção, se passa em agosto de 1954, época em que o caos e escândalos políticos aparecem diariamente na páginas dos jornais. O livro aponta os vultos históricos do episódio que culmina com o suicídio de Getúlio Vargas, como se fossem protagonistas do próprio romance. A obra foi adaptada com sucesso pela TV Globo em 1993.

Recluso e avesso a entrevistas, Rubem Fonseca criou uma aura de mistério sobre si que só ampliou a atração por sua obra.

Seu estilo cru revelado na narrativa de contos, crônicas e romances ganhou o apelido de "realismo feroz". Seus bandidos são amorais e cruéis. Seus heróis não são lá nada melhores. É o caso do personagem Mandrake, advogado, cínico, mulherengo e imoral, figura frequente em diversos livros do autor, como o romance "A Grande Arte" (1983), que ganhou uma série no canal HBO, em 2005, com roteiro de José Henrique Fonseca, filho de Rubem.

Prêmios

  • Prêmio Coruja de Ouro, pelo roteiro de "Relatório de um Homem Casado", Prêmio Kikito, do festival de Gramado, pelo roteiro de "Stelinha",
  • Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo roteiro de "A Grande Arte",
  • Prêmio Camões (2003),
  • Prêmio Machado de Assis (2016),
  • Prêmio Jabiti.

Família

Rubem Fonseca foi casado com Théa Maud Komel por 42 anos. O casal teve três filhos: Maria, José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca.

Morte

Rubem Fonseca faleceu no Rio de Janeiro, em decorrência de um infarto, no dia 15 de abril de 2020. Foi socorrido no Hospital Samaritano, mas não resistiu e veio a falecer.

Obras de Rubem Fonseca

Contos

  • Os Prisioneiros (1963)
  • A Coleira do Cão (1965)
  • Lúcia McCartney (1969)
  • O Homem de Fevereiro ou Março (1973)
  • Feliz Ano Novo (1975)
  • O Cobrador (1979)
  • Romance Negro e Outras Histórias (1992)
  • O Buraco na Parede (1995)
  • Histórias de Amor (1997)
  • A Confraria dos Espadas (1998)
  • Secreções, Excreções e Desatinos (2001)
  • Pequenas Criaturas (2002)
  • 64 Contos de Rubem Fonseca (2004)
  • Ela e Outras Mulheres (2006)
  • Axilas e Outras Histórias Indecorosas (2011)
  • Amálgama (2013)
  • Histórias Curtas (2015)
  • Calibre 22 (2017)
  • Carne Crua (2018)

Romances

  • O Caso Morel (1973)
  • A Grande Arte (1983)
  • Bufo & Spallanzani (1986)
  • Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (1988)
  • Agosto (1990)
  • O Selvagem da Ópera (1994)
  • O Doente Molière (2000)
  • Diário de um Fescenino (2003)
  • Mandrake, a Bíblia e a Bengala (2005)
  • O Seminarista (2009)
  • José (2011)
Dilva Frazão
É bacharel em Biblioteconomia pela UFPE e professora do ensino fundamental.
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